Um dia vou fugir, vou correr por esse mundo fora sem destino e esquecendo o ponto de partida. Adormecerei numa praia, exausta de tanto fugir do que querem que eu seja e pronta para mostrar quem eu sou verdadeiramente. Quando acordar, o brilho perante os meus olhos será diferente... Não será apenas do Sol, mas sim meu também. Nessa minha noite afastada de tudo, vou encontrar-me, alcançar a minha verdadeira essência e ver de novo uma vida a cores. Ultimamente a borracha do passado tem feito estragos no presente, mas será por pouco tempo....



Numa rua deserta e pouco iluminada é onde me encontro comigo mesma. Saio de casa quando a noite cai na esperança de que ninguém me veja. Os trovões que rasgam o céu deixam-me fascinada e a chuva que salpica os meus braços, as minhas pernas, a minha roupa e me beija o rosto faz com que me sinta livre. O calor de Verão cala as minhas emoções e o vento que me bate na cara prova-me que não é um sonho. 
A cada passo uma nova memória, um dos muitos momentos que preencheram a minha vida nos últimos meses. Recordações muito positivas, outras menos boas, a balança atingia sempre o equilíbrio até que as linhas más do meu diário foram riscadas e as que restaram criaram o mapa do meu destino. 
Farta do passado e decidida a aproveitar o presente, esquecendo o mistério que é o futuro, deixo a música envolver a minha cabeça e penetrar em todos os meus pensamentos permitindo-lhes que fluam. Com receio de ser tomada de novo pelo passado, volto a casa por um novo caminho, caminho esse que me mostra que eu tenho o poder de tomar as minhas decisões com base no que eu quero e não no que os outros esperam de mim. 
O hoje é uma dádiva minha e o que me rodeia é demasiado insignificante para ma tirar. Quero fazer tudo o que me passa pela cabeça, quero viver segundo as minhas regras, sem limites ou restrições, quero fazê-lo por mim pois o ontem já passou e o amanhã pode não chegar.
Fiz planos, tomei decisões. Aprendi com erros, apaguei desilusões. Conquistei a liberdade de preconceitos, destruí a falsidade que me rodeava. Acabei com o ódio e a inveja, ultrapassei as minhas fraquezas.
Transformei-me em alguém muito diferente, alguém menos ingénuo, mais forte. Deixei as críticas de lado, não fazem de mim alguém melhor ou pior. Esqueci que posso confiar em mais alguém que não eu.
Usei os meus pontos fracos para acender uma fogueira que consumirá todos os que um dia se julgaram melhores que eu.
Há ainda em mim uma enorme paixão por tudo o que sou e conquistei, não esquecendo também o meu orgulho, que ressurgiu das cinzas com todas as forças.
Hoje digo com todas as certezas que o meu passado é apenas uma nódoa na minha vida que vai desaparecer com o tempo. Já não me baseio em nada do que aconteceu, mas sim no que está a acontecer agora. O mundo à minha volta ficou esquecido, assim como quem dele faz parte.
Não importa que gostem ou não de mim, já não há limites e eu vou até ao fim.
Não luto mais em vão, mas também não sou fraca o suficiente para desistir...
Agora é deixar andar... O que tiver que acontecer, acontece...

Lutei por ti, desisti por ti...
Assim, vou viver por mim....

Depois de tudo o que vi... de 99 passei a 100. Esquece. Estás a tornar-te um erro.... mais uma vez.

"Eu nao acho que ela seja o que eu disse, excepto burra por me amar porque eu sou uma besta."


Talvez tivesses razão...

...

O que mais queria era que contrariasses aqueles 99,99% da certeza que a razão me impõe... Mas seremos capazes de ajudar aquele 0,01%? Ou vais deixar a razão ganhar?

....

Acreditei tanto em nós... Quando a esperança me falha, lá vem algo dar-me um empurrão para cima. As suposições dão outra força para que nunca baixe os braços. Mas, e se nunca passarem de suposições?

....

As dúvidas do passado que são agora resolvidas mostram que ficou tanto por dizer. Mas trará o futuro outra oportunidade para esclarecer tudo?

....

"Já que estamos numa de pontos", qual preferes? As reticências, que mostram uma continuidade, ou o ponto final, acabando com tudo de vez?

....
É difícil quando queremos acreditar em algo sabendo que não é a realidade.


Todos me dizem que sou forte, que têm orgulho em mim por ter conseguido ultrapassar tudo sem baixar a cabeça, por ter tentado (sim, tentado por nunca o consegui realmente) refazer a minha vida. Fazem de mim alguém admirável e aí a pressão aumenta. Não querer desapontar quem tanto me apoia torna-se como que uma missão. Tudo muito bem, até que me apercebo que me tento convencer de algo que é uma enorme mentira para mim.
Esta mentira é mais que dolorosa pois renega tudo o que sou e sinto, é como que uma sepultura para a minha essência.
Aprender a esquecer os outros e pensar só em mim é muito difícil mas chegou o momento em que isso é crucial. O momento em que tenho que assumir tudo, em que tenho que parar de tentar tapar os olhos a toda a gente só para não terem pena de mim, para não virem com as lições de moral que são realmente infundadas pois nunca estiveram na minha situação.
Preciso focar-me apenas em mim e naquela luzinha intermitente no fundo do túnel que insistes em acender e apagar sempre que te apetece. Uma luz que incendeias com as tuas palavras mas que se extingue sempre que te falta coragem.
Tenho mostrado uma máscara a todos aqueles que me perguntam o que sinto, máscara essa que consegues derrubar com um simples olhar. Mantenho tudo o que sinto por ti escondido nessa máscara com medo de desiludir quem acredita em mim.
Eu não quero desiludir nem renegar ninguém, por isso admito que nunca esqueci nada e que tudo se tem vindo a tornar cada vez mais forte.
Vou deixar de fazer o que esperam de mim mas sim o que eu preciso. E se preciso de continuar a acreditar e lutar para ser feliz, então acreditarei e lutarei até não me restarem forças nem para abrir os olhos. Acabaram-se as escondidas porque são os sonhos, as esperanças e os sentimentos que tenho em relação a ti que continuam a impedir-me de baixar os braços.
No entanto, existe uma enorme distância entre nós, que estou disposta a combater, mas se para ti ela nunca se poderá apagar eu prefiro desistir já pois sem ti nem vale a pena ver o Sol nascer, a noite será eterna para mim.
Ele e eu tínhamos algo bonito mas tão defeituoso, isso não poderia durar. Eu amei-o tanto, mas deixei-o ir porque eu sabia que ele nunca me amaria do mesmo jeito. Tal dor como essa não deveria ter que ser experimentada. Eu ainda estou cambaleando por causa da perda, continuo delirando um pouco. Embora ele tenha ido, eu tenho cicatrizes da batalha, estou a trabalhar tão duro p'ra voltar a ser quem eu costumava ser.