Tanto foi perdido, desperdiçado, destruído... Foram tantas as coisas que ficaram por ser ditas e demasiadas as que se transformaram em balas. Causaram feridas que não se conseguem curar, criaram memórias que se infiltram constantemente em todos os pensamentos.
Disseste muito que eu não queria ter ouvido, que me fez cair mas houve tanto que eu te escondi. Talvez devesse ter sido sincera contigo desde o início, mas...
Chama-lhe medo, vergonha ou egoísmo o fato de sempre ter posto uma rede entre nós. Sou fraca, iludida, demasiado ingénua para tentar apagar o "quase" de tudo aquilo que podia ter sido e não foi.
Se as coisas seriam diferentes? Não sei. Mas que ficou muito por dizer? Não tenhas qualquer dúvida. Porém... é tarde demais.
B: Falar das coisas agora não as vai tornar mais fáceis.
R: Também não as torna mais difíceis.
B: Torna sim
R: Não torna não
B: Torna porque faz-nos lembrar tudo aquilo que perdemos. Quer dizer, eu falo por mim.
R: podes falar pelos dois...
B: Não é o que parece. Tu ages como se não tivesses perdido nada.
R: Diz-me só uma coisa e já te respondo a isso. Se tivesse algo minimamente mau, tipo fisicamente ou assim, ficavas comigo?
B. Claro que sim. Quando se gosta de alguém aceitam-se defeitos e qualidades.
R: Então deixa-me que te diga que perdi o melhor que podia ter.
B: O quê?
R: Tu!

- Já viste as voltas que isto deu? Na altura, e apesar das aparências sabias que me tinhas ali, sempre para ti. Mas mesmo assim conseguiste que as tuas últimas frases se tornassem mesmo realidade, conseguiste mesmo perder-me.