Numa rua deserta e pouco iluminada é onde me encontro comigo mesma. Saio de casa quando a noite cai na esperança de que ninguém me veja. Os trovões que rasgam o céu deixam-me fascinada e a chuva que salpica os meus braços, as minhas pernas, a minha roupa e me beija o rosto faz com que me sinta livre. O calor de Verão cala as minhas emoções e o vento que me bate na cara prova-me que não é um sonho. 
A cada passo uma nova memória, um dos muitos momentos que preencheram a minha vida nos últimos meses. Recordações muito positivas, outras menos boas, a balança atingia sempre o equilíbrio até que as linhas más do meu diário foram riscadas e as que restaram criaram o mapa do meu destino. 
Farta do passado e decidida a aproveitar o presente, esquecendo o mistério que é o futuro, deixo a música envolver a minha cabeça e penetrar em todos os meus pensamentos permitindo-lhes que fluam. Com receio de ser tomada de novo pelo passado, volto a casa por um novo caminho, caminho esse que me mostra que eu tenho o poder de tomar as minhas decisões com base no que eu quero e não no que os outros esperam de mim. 
O hoje é uma dádiva minha e o que me rodeia é demasiado insignificante para ma tirar. Quero fazer tudo o que me passa pela cabeça, quero viver segundo as minhas regras, sem limites ou restrições, quero fazê-lo por mim pois o ontem já passou e o amanhã pode não chegar.